Criando o logo para o mundo da arte

A desenhista brasileira Mariana Hardy vem se destacando internacionalmente nos últimos anos, e depois do seu retorno ao Brasil, ela teve a oportunidade de criar a identidade visual do Instituto Inhotim.

livro logo design 3Seu trabalho foi tão bem recebido, que a Editora Taschen (mundialmente conhecida por suas publicações de design) selecionou o seu estudo de caso para ser exibido no livro Logo Design volume 3, publicado em 2011 nos idiomas português, espanhol e italiano.

Vamos acompanhar nesse artigo o processo criativo da Mariana Hardy e o resultado do seu trabalho internacionalmente reconhecido.

Observação: A Mariana Hardy não é colaboradora da Agência EVEF, para contatá-la visite o site www.hardydesign.com.br - o seu trabalho foi exibido aqui devido ao seu ótimo resultado e também porque seu estúdio criativo fica em Belo Horizonte, o que traz orgulho para todos os desenhistas mineiros.


o Instituto Inhotim começou em 2002 por ser conhecido como CACI - Centro de Arte Contemporânea Inhotim, e quando abriu as portas ao público em 2006 passou a se chamar simplesmente Inhotim.

Em 2005 a Mariana Hardy recebeu a tarefa de desenvolver uma nova imagem para o Instituto, pois era necessário criar um novo logotipo e conceber o material da papelaria corporativa e de escritório, além de brochuras, sinalética, o novo Website e os uniformes de seus colaboradores.

Hoje o museu abriga uma coleção de mais de 500 obras de autoria de mais de 100 artistas de 30 nacionalidades. Podem ser apreciados naquele espaço obras de pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e instalações de arte de artistas brasileiros e internacionais de renome, espalhados por uma série de pavilhões bem como pelos espaços exteriores.

Tão importante como as obras de arte é o Jardim Botânico que se estende por uma área de 300000 metros quadrados. Uma parcela desse espaço foi projetada por Roberto Burle Marx e faz parte de uma área de um milhão e meio de metros quadrados de floresta tropical úmida.

Esse riquíssimo acervo botânico faz do Inhotim um museu para onde a paisagem e a luz natural interagem com as obras de arte.

Durante o briefing inicial para a criação do novo logotipo, foi apresentado o desafio de reformular a imagem do logotipo do CACI como um espaço que era simultaneamente um museu e um jardim botânico, cujas dimensões e acervo eram completamente inimagináveis no Brasil e talvez até no planeta inteiro.

Foi decidido se chamar simplesmente Inhotim ao Instituto. Trata-se de uma palavra com um som estranho, quase impossível de pronunciar em outras línguas, mas é um nome com estilo e com ligações históricas da região circundante.

 logotipo instituto

O objetivo era criar uma marca que assinalasse uma nova etapa na vida do Instituto, agora preparado para receber o público e que refletisse a natureza dinâmica vanguardista e intemporal do espaço, um museu em um parque florescentes situados um ambiente orgânico e em constante crescimento.

Foram efetuadas várias experiências com diferentes tipos de letra e com o efeito da  luz no espaço do museu. Após alguns testes em formato digital também foram testados métodos não digitalizados.

Foi construída uma máscara com letras de forma a gerar manualmente o efeito de sombras produzidas por uma fonte de luz em movimento. O processo consistia em capturar uma série de imagens, que seriam posteriormente vetorizadas.

Assim foi criado a primeira série 12 composições tipográficas mediante a projeção de luz através da máscara. No fim do processo foram selecionados as três versões do nome em letras compostas de luz e sombra. Cada versão incluía uma chancela completa, com o respectivo enquadramento e uma chancela simplificada. A ideia era utilizar essas versões de forma alternada a fim de reforçar o conceito de movimento.

logo entrada

O propósito do enquadramento era formar uma ligação lógica a qualquer texto adicionado, e criar uma  zona de proteção ao redor do nome da marca. Além disso, as margens produziram um contraste com diferentes padrões de fundo.

A chancela simplificada seria utilizada em material impresso de pequenas dimensões, como folhetos promocionais ou em combinação com a chancela completa. A intenção era de que, a medida que o museu é a marca fossem granjeando reconhecimento público, o centro de arte contemporânea passasse a ser simplesmente conhecido por Inhotim.

Foi decidido utilizar o tipo de letra TFForever Two, que foi concebido com um aspecto despojado e inconfundível. As letras são agradáveis à vista, e a sua espessura permitiria algum desbaste caso isso viesse a ser necessário.

Desde o primeiro momento, a ideia era incluir o verde no esquema de cores, quer para servir como referência ao ambiente único do museu, ou porque combinava com a cor da paisagem.

Foi selecionado um verde da paleta de cores que se destacaria quando aplicado a fotografias do Jardim e que possuía uma personalidade forte que permitiria identificá-lo como parte do logotipo. Para completar  foi escolhido o cinza para papel acetinado e para papel mate, que funcionaria como uma cor secundária e proporcionaria o toque neutro que algumas aplicações requeriam.

logo aberto ao publico

Para a sinalética (sinalização), a família de pictogramas foi utilizada em formas verticais simples, utilizando as cores e o tipo de letra do logotipo, seguindo um caminho de sinergia. Dessa forma foram criados os sinais que não colidissem com a paisagem e que ao mesmo tempo indicasse aos visitantes onde se encontravam, sem obrigar a seguir uma rota pré-definida.

Esse tipo de criação modular foi implementada com facilidade e pôde se expandir ou se adaptar de forma a preencher as necessidades crescentes do Instituto.

Também foram desenhados os uniformes, numa gama de estilos para que os colaboradores dos diversos departamentos pudessem ser diferenciados com versões diferentes para os homens e as mulheres e também no verão e no inverno.

Foram incluídos acessórios como bonés e botas para os jardineiros, onde o logotipo foi estampado em algumas peças e bordados em outras.

Um website inicial exibia a natureza multifacetada do espaço, fazendo alternar de forma aleatória fotografias da fase de construção e imagens dos Jardins.

O menu foi concebido de forma a permitir uma navegação fácil, adequado a um site que naquele momento era ainda muito limitado em termos de conteúdos.

material de escritório

Para o material de escritório foi escolhido um papel produzido pela Ecopack que possuía uma textura natural numa das três classes e um acabamento acetinado na outra. A opacidade da superfície exterior produzirá efeito surpresa, na medida em que as letras em diferentes matrizes de verde pareciam sólidas quando vistas da superfície interior.

Os convites produzidos para a cerimônia de abertura passaram a funcionar como modelos de convite para outros eventos do museu.

Após a abertura ao público, o Inhotim se expandiu a um ritmo inesperado, obrigando a alteração da sinalização (sinalética).

O centro de arte contemporânea reuniu um conselho para a inclusão e cidadania e foi reconhecido pelo governo estadual de Minas Gerais como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Em 2010 foi a ele atribuído o título oficial de Jardim Botânico.

chancela logotipo

A chancela simplificada se converteu no logotipo oficial do Inhotim simbolizando o rumo que a instituição tomara e a forma como o pensamento e a ação fluíam nas suas diversas áreas de intervenção.

O logotipo provou ser extremamente versátil e altamente eficaz em diferentes contextos, com o recurso a uma variedade de técnicas digitais e de impressão. O conceito de luz e sombra ainda figura em materiais impressos, notas de imprensa, produtos da loja do museu e ofertas promocionais.

O novo site do Inhotim recuperou o nome da marca para favorecer um diálogo harmonioso entre o Instituto e o meio em que aquele se encontra inserido.

mapa de localização usando o logo

Desde  a sua Criação em 2006, o seu logotipo inovador tem se mostrado constituir um design altamente apropriado, que vai ao encontro das necessidades do Instituto. A sua versatilidade, consistência e impacto visual reforçam a imagem vanguardista e a dinâmica do Inhotim.

O trabalho de criação desse logo foi realizado por Mariana Hardy, uma design que tem realizado alguns dos projetos de design mais significativo do Brasil, desde que ela regressou de Nova York, após o período de mais de 3 anos de trabalho para a Pentagram. Contato da desenhista: www.hardydesign.com.br

 


Fonte: Livro Logo Design, volume 3