Simbologia do peixe e da pesca

simbolismo historico do peixe

O peixe é o símbolo do elemento Água, dentro do qual vive. Era esculpido na base dos monumentos khmer para indicar que mergulhavam nas águas inferiores, no mundo subterrâneo.

Nessa qualidade, ele poderia ser considerado participante da confusão de seu elemento e portanto impuro. É o que diz dele São Martinho, que nota a indiferenciação entre a cabeça e o corpo.

O Levítico, embora não o admita nos sacrifícios, o admite para o consumo, excluindo todos os outros animais aquáticos.

Símbolo das águas, cavalgadura de Varuna, o peixe está associado ao nascimento ou à restauração cíclica. A manifestação se produz à superfície das águas. Ele é ao mesmo tempo Salvador e instrumento da Revelação.

O peixe (matsya) é um avatar de Vishnu, que salva do dilúvio Manu, o legislador do ciclo presente; ele lhe envia em seguida os Vedas, isto é, ele lhe revela o conjunto da ciência sagrada. Ora, Cristo é frequentemente representado como um pescador, e os cristãos, peixes, pois a água do batismo* é seu elemento natural e o instrumento de sua regeneração. Ele próprio é simbolizado pelo peixe. Assim, Ele é, por exemplo, o Peixe que guia a Arca eclesial, como o Matsya-avatar a de Manu.

Em Caxemira, Matsyendranath, que se deve, sem dúvida, interpretar como pescador, e que se identifica como o Boddhisattva Avalokiteshvara, obteve, diz-se, a revelação do ioga, depois de ter se transformado em peixe.

Os peixes sagrados do Egito antigo, o Dagon fenício, o Oannes mesopotâmico atestam simbolismos idênticos, sobretudo o último, expres-samente considerado o "Revelador".
Oannes foi até mesmo considerado uma representação de Cristo. O tema do golfinho salvador é familiar à Grécia: os golfinhos salvaram Ântio do naufrágio. O golfinho está associado com o culto de Apolo e deu o seu nome a Delfos (delfim).

Além disso, o peixe é ainda símbolo de vida e de fecundidade, em função de sua prodigiosa faculdade de reprodução e do número infinito de suas ovas. Símbolo que pode, bem entendido, transferir-se para o plano espiritual.

Na imagística do Extremo Oriente, os peixes andam em pares e são, consequentemente, símbolos de união.

O Islã associa igualmente o peixe a uma ideia de fertilidade. Existem simpatias para fazer chover sob a forma de peixe; ele está ligado, ainda, à prosperidade; sonhar que se está a comer peixe é de bom agouro.

Na iconografia dos povos indo-europeus, o peixe, emblema da água, é símbolo da fecundidade e da sabedoria. Escondido nas profundezas do Oceano, ele é penetrado pela força sagrada do abismo. Dormindo nos lagos ou atravessando os rios, ele distribui a chuva, a umidade, a inundação. Ele controla, assim, a fecundidade do mundo".

O peixe é um símbolo do Deus do Milho entre os povos indígenas da América Central. Ele é símbolo fálico, segundo Hentze: é visto nas gravações em osso do Magdaleniano (Breuil).

O Deus do amor, em sânscrito, chama-se aquele que tem por símbolo o peixe. Nas religiões sírias, ele é o atributo das deusas do amor. Na antiga Ásia menor, Anaximandro especifica que o peixe é o pai e a mãe de todos os homens e que, por esse motivo, seu consumo é proibido.

Encontra-se frequentemente sua associação com o losango, especialmente nos cilindros babilônicos. Marcel Griaule assinala que a faca da circuncisão dos bozos é chamada de "faca que corta o peixe".

Na China, o peixe é o símbolo da sorte; acompanhado da cegonha (longevidade), os dois juntos significam alegria e sorte. No Egito, o peixe, fresco ou seco, que era de consumo corrente para o povo, era proibido a todo ser sacralizado, rei ou sacerdote.

Segundo as lendas de uma determinada época, os seres divinos de Busíris se transformavam em Crômis, mas isto exigia uma abstinência total de peixe. Uma deusa chamava-se Elite dos peixes: nome dado ao golfinho fêmea.

Apesar das numerosas variantes nas lendas e nas práticas rituais, o peixe era geralmente um ser ambíguo: Seres silenciosos e desconcertantes, escondidos, porém brilhantes, sob o verde do Nilo, os habitantes da água eram participantes eternos de dramas notáveis.

Assim, a cada dia, na enseada do fim do mundo, um Crômis de nadadeiras franjadas de rosa e um Abdjon cor de lápis-lazúli tomavam forma misteriosamente e, servindo como peixes-pilotos do barco de Rá (barca solar), denunciavam a vinda do monstro Apopis. Crômis em amuleto era um signo benéfico e protetor.

A simbologia do peixe estendeu-se ao cristianismo, com um certo número de aplicações que lhe são próprias, enquanto outras interpretações foram evidentemente excluídas.
A palavra grega Ichtus (peixe) é, com efeito, tomada pelos cristãos como ideograma, sendo cada uma das cinco letras gregas vista como a inicial de palavras que se traduzem por Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador, Iesus Christós Theou Uios Soter.

Daí as numerosas figurações simbólicas do peixe nos antigos monumentos cristãos (em particular, funerários). Entretanto, na maior parte dos casos, o simbolismo, ainda que permanecendo cristão, recebe uma acepção um pouco diferente: visto que o peixe é também um alimento, e que o Cristo ressuscitado o comeu (Lucas, 24, 42), ele se transforma no símbolo do alimento eucarístico, e figura frequentemente ao lado do pão.

Por fim, como o peixe vive dentro da água, o simbolismo às vezes será estendido, vendo-se nele uma alusão ao batismo: nascido da água do batismo, o cristão é comparável a um peixinho, à imagem do próprio Cristo.

O peixe inspirou uma rica iconografia entre os artistas cristãos: se carrega uma nau sobre o dorso, simboliza o Cristo e a sua Igreja; se carrega uma cesta de pão, ou se ele próprio se encontra sobre um prato, representa a Eucaristia; nas Catacumbas, é a imagem do Cristo.

A tradição representa o signo de Peixes com dois peixes sobrepostos em sentido inverso e ligados por uma espécie de cordão umbilical de guelra a guelra. Sob seus auspícios, participamos da maré do grande universo e pertencemos à comunidade de todos os homens da terra, como a gota de água agregada ao oceano.

Situamo-nos também no mundo da indistinção, do indiferenciado, do inundado, do confuso, pelo apagamento das particularidades, em benefício do ilimitado, para ir do zero ao infinito. Colocou-se o signo de Peixes sob a tutela de Júpiter como processo de amplificação e, sobretudo, sob a de Netuno, como arquétipo da dissolução e da integração universais, do limo original à fusão final.

simbolo pesca 

Simbologia da Pesca

Mitos, símbolos, rituais e obras de arte estão cheios de cenas de pesca, de marinheiros lançando suas redes, de peixes pescados e embarcados etc.

No Egito, é graças à pesca que Osíris reencontra sua integridade; igualmente, "a Lua, olho arrancado de Hórus celeste, foi reencontrada em uma rede; as mãos cortadas do Deus o foram graças ao cesto de pesca".

Jean Yoyotte se questiona se a pesca de belos peixes representada sobre um hipogeu tebano 'não esconde a pesca da felicidade eterna".

O pescador de homens, título dado a São Pedro no Evangelho. designa aquele que salvará os homens da perdição, o apóstolo do Salvador, o que converte. A pesca é aqui o símbolo da pregação e do apostolado: o peixe a se apanhar é o homem a ser convertido. Isso não tem nada em comum com o peixe ao qual se dá o nome de símbolo de Cristo, que não passa de seu anagrama: Iktus significa, em grego, peixe; mas essas letras correspondem, como já indicamos, às iniciais dos principais títulos de Cristo em grego: Jesus Christos Theou Cios Soter, Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador.

E de fato o Cristo é frequentemente representado, especialmente nas Catacumbas, por um peixe. Pescar, no sentido psicanalítico, é também proceder a uma espécie de anamnese, extrair dos elementos do inconsciente, não através de uma exploração dirigida e racional, mas deixando jogar as forças espontâneas e colhendo seus resultados fortuitos.

O inconsciente é aqui comparado à extensão de água, rio, lago, mar, onde estão encerradas as riquezas que a anamnese e a análise trarão à superfície, como o pescador de peixes, com sua rede.

 

Artigos relacionados:

Modelos de logotipo para empresas de turismo

Criar desenhos de logomarca para agência de viagens e turismo

Criar desenho de logomarca para supermercados

Modelos de logotipo para supermercados e distribuidoras

 

Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.


Página atualizada na Agência EVEF em 06/04/2022 por Everton Ferretti