A simbologia histórica do ponto

O ponto simboliza o estado limite da abstração do volume, o centro, a origem, o lar, o princípio da emanação e o termo de retorno. Ele designa o poder criativo e o fim de todas as coisas. Segundo Clemente de Alexandria, se se abstrai de um corpo suas propriedades e suas dimensões, "resta um ponto, com uma posição"; se se suprime a posição, atinge-se a unidade primordial.

Do mesmo modo, no simbolismo da Cabala judia, o ponto oculto se torna, assim que se manifesta, a letra iod. Nas doutrinas hindu e tibetana, o ponto (bindu) é igualmente a gota, o germe, da manifestação. A manifestação é a extensão do ponto segundo as direções do espaço: o ponto é portanto a interseção das ramificações da cruz.

Princípio dessa extensão, ele é em si sem dimensão, não se submete às condições espaciais. "O ponto", escre-ve também Angelus Silesius, "conteve o círculo." Leibniz distingue o ponto metafísico (unidade de princípio) do ponto matemático, determinação espacial do precedente, ponto com uma posição.

De forma oposta, o ponto é a resolução das tendências antagonistas, o "Meio invariável dos chineses, o vazio do cubo da roda cósmica, o pivô da norma e o centro imóvel do círculo", diz Tchuang-tse, o equilíbrio e a harmonia. É a origem da meditação e também o ponto de chegada da integração espiritual.

No iantra, o bindu é o ponto de contato dos dois triângulos opostos pelo ápice representando Shiva e a Xácti: ele é Brahma indiferenciado. No mantra, é o ponto diacrítico (anusvara) que acompanha nada, o som primordial. O bindu é um círculo minúsculo, mas a vacuidade, o estado de potencialidade que ele implica, são exatamente simbolizados pelo vazio interior desse círculo.

O ponto é ainda a letra do monossílabo sagrado OM, o germe no interior do búzio. De todo modo, ele é o princípio rigorosamente informe dos seres do mundo.

Na arte africana, a decoração puntiforme representa geralmente alguma coisa de real: grãos de milho, estrelas etc. Os pontos são solitários ou agrupados, esboçam figuras: círculos, quadrados, losangos.

Nas regiões de caça, na África, por exemplo, três pontos aproximados, dentro de um triângulo ou quadrado, representam às vezes o caçador, o cão, a caça; nas regiões da savana, pontos brancos sobre um fundo escuro evocam "os fogos que se acendem na noite e cujo piscar responde ao das estrelas".

 

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Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.


Página atualizada na Agência EVEF em 06/04/2022 por Everton Ferretti