Simbologia do frango, galo e galinha

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O Frango e sua simbologia histórica

Ao simbolismo da encruzilhada se liga o da pata de ganso, que se torna, entre os povos sudaneses de Mali, o da pata de frango.

Segundo Zahan, a configuração da pata do frango, em conjunto com os hábitos característicos desse animal, explica que a noção de encruzilhada, para os povos sudaneses, exprime ao mesmo tempo os símbolos de centro, de dúvida diante das três estradas oferecidas e de espiral, isto é, de revolução em torno de um ponto ou de um eixo.

Com efeito, o frango, indicando com seu canto o ritmo da revolução diurna do sol, com a alternância dos dias e das noites, transforma-se, de certo modo, no equivalente do movimento do sol em torno da terra; em consequência, continua o autor, toda representação da pata dessa ave é o signo do universo em seu movimento de rotação [...J.

O valor religioso do frango, do ponto de vista do sacrifício, se apoia nesses dados. Sacrificar essa ave é sacrificar o substituto do mundo.

Para os alquimistas, o frango simboliza as três fases de evolução da obra, em função de sua crista vermelha, suas penas brancas, suas paras negras. É a matéria da obra que começa a se tornar negra devido à putrefação; depois, branca, à medida que o orvalho filosófico ou ozotii a purifica; enfim, vermelha, quando está perfeitamente fixada...

O vaso dos filósofos é chamado de habitação do frango. O vaso dos filósofos é o princípio e a raiz de todo ensinamento, é a água e o receptáculo de todas as tinturas; essas palavras devendo ser entendidas no sentido da linguagem hermética: o conjunto dos conhecimentos ocultos.

Galinha

A galinha desempenha o papel de psicopompo nas cerimônias iniciáticas e divinatórias dos bantus da bacia congolesa.

Assim, no ritual iniciatório das mulheres xamãs entre os luluas, relatado por Dr. Fourche, a candidata a xamã, à saída da fossa onde cumpre sua prova de morte e de renascimento, é considerada definitivamente entronizada quando um de seus irmãos suspende uma galinha pelo pescoço: é através desse sinal que ela exercerá daí em diante o poder de atrair no mato as almas de médiuns defuntos, para conduzi-los e fixá-los ao pé de árvores a eles consagradas.

Em numerosos ritos de caráter órfico, ela aparece associada ao cachorro. O sacrifício da galinha para a comunicação com os defuntos, costume espalhado por toda a África subsaariana, provém do mesmo simbolismo.

Galo

O galo é conhecido como emblema da altivez — o que é justificado pela postura do animal - e como emblema da França. Mas trata-se de uma noção recente, sem valor simbólico, fundada no duplo sentido da palavra gallus = "galo" e "gaulês".

A ave aparece, ao lado de Mercúrio, em algumas representações figuradas galo-romanas. Aparece também em moedas gaulesas. Mas os romanos fizeram um jogo de palavras entre gallus, "galo", e Gallus, "gaulês", como já foi dito.

Essa a origem do coq gaulois, cujo valor simbólico tradicional é quase nulo. O caráter do galo e o do francês não deixam de ter, porém, do ponto de vista simbólico, um certo parentesco.

O galo é, universalmente, um símbolo solar, porque seu canto anuncia o nascimento do Sol. Por isso, consideram-no os hindus atributo de Skanda, que personifica a energia solar.

No Japão, seu papel é importante, pois seu canto, associado ao dos deuses, fez sair Amaterasu, deusa do Sol, da caverna onde se escondia, o que corresponde ao nascer do Sol, à manifestação da luz.

É por isso que, no recinto dos grandes templos xintoístas, galos magníficos circulam em liberdade; no templo de Ise criam-se galos sagrados. Uma homofonia duvidosa faz, por vezes, considerar os toril dos templos xintoístas como tendo sido, originariamente, poleiros para os galos.

A virtude da coragem, que os japoneses atribuem ao galo, lhe é atribuída também em outros países do Extremo Oriente, onde o galo tem papel especialmente benéfico: primeiro porque o sinal que o designa em chinês (ki) é homófono do que significa "bom augúrio", "favorável". Depois, porque seu aspecto geral e seu comportamento fazem-no apto a simbolizar as cinco virtudes:

  1. as virtudes civis, uma vez que a crista lhe confere um aspecto mandarínico;
  2. as virtudes militares, devido ao porte de esporas;
  3. a coragem, em razão do seu desempenho em combate (nos países onde a briga de galos é esporte particularmente apreciado);
  4. a bondade, por dividir sua comida com as galinhas;
  5. a confiança, pela segurança com que anuncia o nascer do dia.

E por anunciar o Sol ele tem poderes contra as influências maléficas da noite.

Ele as afasta das casas se os proprietários têm o cuidado de pôr sua efígie na porta.

No Vietnã, o pé de galo cozido é a imagem do microcosmo e serve para a adivinhação. No budismo tibetano o galo é, no entanto, símbolo excepcionalmente nefasto. Figura no centro da Roda da Existência, associado ao porco e à serpente como um dos três venenos.

Seu significado é o desejo, o apego, a cobiça, a sede. Convém lembrar que, na Europa, ele é tomado, ocasionalmente, como símbolo da cólera, explosão de um desejo desmesurado — e contrariado.

Segundo as tradições helênicas, "o deus do galo dos cretenses, Velchanos, é assemelhado a Zeus". O galo se encontrava junto de Leto (Latona), engravidada por Zeus, quando ela deu à luz Apoio e Ártemis. Assim, ele é consagrado simultaneamente a Zeus, a Leto, a Apoio e a Ár-temis, isto é, aos deuses solares e às deusas lunares.

Os Versos de ouro de Pitágoras recomendam, em consequência: "alimentai o galo e não o imoleis, porque ele é consagrado ao Sol e à Lua." Símbolo da luz nascente ele é, portanto, um atributo particular de Apolo, o herói do dia que nasce. Apesar do conselho atribuído a Pitágoras, um galo era sacrificado ritualmente a Asclépio (Esculápio), filho de Apoio e deus da medicina.
Sócrates lembrou a Críton, pouco antes de morrer, que cumpria sacrificar um galo a Asclépio. Sem dúvida, deve-se ver nisso um papel de psicopompo atribuído ao galo; ele iria anunciar no outro mundo o advento da alma do defunto e conduzi-la até lá.

A alma abriria os olhos a uma nova luz, o que equivalia a um novo nascimento. Ora, o filho de Apolo era, precisamente, esse deus, o qual, com seus remédios, operara ressurreições neste mundo, prefiguração dos renascimentos celestes.

Pelo mesmo motivo, o galo era o emblema de Átis, o deus solar, morto e ressuscitado, no quadro das divindades orientais. Esse papel de psicopompo explica também que o galo seja atribuído a Hermes (Mercúrio), o mensageiro, que percorre os três níveis do cosmos, dos Infernos ao Céu.

Sendo Asclépio, cumulativamente, um herói curador antes de tornar-se deus, acreditava-se que o galo curava as doenças. Figura, com o cão e o cavalo, entre os animais psicopompos sacrificados (oferecidos) aos mortos nos ritos funerários dos antigos germanos.

Por ocasião das cerimônias de purificação e de expulsão dos espíritos que se seguiam à morte de alguém, certos povos altaicos usavam o galo para representar o defunto. Amarrado ao pé do leito mortuário, era expulso pelo xarnã.

Nas tradições nórdicas o galo é, ainda, um símbolo de vigilância guerreira. Ele perscruta o horizonte dos mais altos galhos do freixo Yggdrasil a fim de prevenir os deuses quando os gigantes, seus eternos inimigos, se preparem para atacá-los. Mas o freixo, árvore cósmica, é a origem da vida.

O galo, que vela no seu píncaro, como no alto da flecha de uma igreja, aparece, assim, como protetor e guardião da vida. Os povos indígenas pueblo fazem do seguinte modo a associação galo-sol: "O avô dizia que as galinhas eram criaturas do deus Sol. É importante, dizia ele, o canto dos galos de madrugada. O Sol os pôs aqui para acordar-nos. Ele próprio avisa os galos com um sininho, para que eles cantem quatro vezes antes do dia" (autobiografia do chefe hopi Don C. Taiayesva).

Esse exemplo acentua, por um lado, a função simbólica do quinário: o galo canta quatro vezes, depois o dia nasce, no quinto tempo, que é o do centro e o da manifestação.

Na África, segundo uma lenda dos peúles, o galo está ligado ao segredo. As atitudes, os atos e as metamorfoses do galo correspondem às diferentes espécies de segredos:

  • um galo numa gaiola significa o segredo guardado em silêncio;
  • um galo no pátio (metamorfoseado em carneiro), segredo divulgado aos próximos e íntimos;
  • um galo na rua (metamorfoseado em touro), segredo divulgado e público;
  • um galo nos campos (metamorfoseado em incêndio), segredo comunicado ao inimigo, causa de ruína e desolação.

Para o povo azandés, essa presciência do dia ("Ele vê a luz do dia no interior dele mesmo") valia ao galo uma certa suspeição de feitiçaria. O galo é também um emblema do Cristo, como a águia e o cordeiro. Mas, nele, a ênfase recai no seu simbolismo solar: luz e ressurreição.

 

ave simbolo ibis sagrado

O íbis, outra ave sagrada e sua relação com o galo

A ave íbis-sagrado (nome científico Threskiornis aethiopicus) é uma espécie de íbis, uma ave pernalta da família Threskiornithidae. É nativo da África e do Oriente Médio. Existem populações introduzidas na Espanha, Itália, França e nas Ilhas Canárias de indivíduos que escaparam do cativeiro e começaram a se reproduzir com sucesso. É especialmente conhecido por seu papel na religião dos antigos egípcios, onde estava ligado ao deus Tote.

Em Jó (39, 36), o galo é o símbolo da inteligência recebida de Deus, que deu "ao íbis a sabedoria de Jeová e deu ao galo a inteligência". Às duas aves foi dada também uma faculdade de previsão: o íbis anuncia infalivelmente as cheias do Nilo; o galo, o nascer do dia.

Como o Messias, o galo anuncia o dia que sucede à noite. Figura, também, no mais alto das flechas das igrejas e das torres das catedrais. Essa posição, no cimo dos templos, pode evocar a supremacia do espiritual na vida humana, a origem celeste da iluminação salvífica, a vigilância da alma atenta para perceber, nas trevas da noite que morre, os primeiros clarões do espírito que se levanta.

O galo dos campanários também tem origem na conformidade do galo que anuncia o dia com o Sol no pensamento mazdeísta. O Talmud faz do galo um mestre de polidez, sem dúvida porque ele apresenta seu senhor, o Sol, anunciando-o com o seu canto.

No Islã, o galo goza de uma veneração sem igual em relação aos outros animais. O Profeta em pessoa dizia: "O galo branco é meu amigo. Ele é o inimigo do inimigo de Deus..." Seu canto assinala a presença do anjo. Atribui-se, igualmente, ao Profeta a proibição de maldizer o galo que convida à oração.

Maomé lhe teria conferido uma dimensão cósmica. "Entre as criaturas de Deus", teria dito ele, "há um galo cuja crista está debaixo do trono, os pés assentados na terra inferior, e as asas no ar. Quando passarem dois terços da noite e só restar um terço a passar, ele bate as asas e diz: louvor ao rei santíssimo, digno de exaltação e de santidade, que não tem associado. Nesse momento, todos os animais batem as asas e todos os galos cantam".

O galo é muitas vezes comparado à serpente, no caso de Hermes e Asclépio principalmente. Na análise dos sonhos, a serpente e o galo são, todos dois, interpretados como símbolos do tempo. "Pertencem, ambos, ao deus médico Esculápio (Asclépio), que era, provavelmente, uma encar-nação da vida interior e psíquica. Era ele quem enviava os sonhos".

Marcam uma fase da evolução interior: a integração das forças ctonianas ao nível de uma vida pessoal, em que espírito e matéria tendem a equilibrar-se numa unidade harmoniosa. Como símbolo maçônico, o galo é, ao mesmo tempo, o signo da vigilância e o do advento da luz iniciática. Corresponde ao mercúrio alquímico.

  

Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.

 

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Página atualizada na Agência EVEF em 17/03/2022 por Everton Ferretti