O vale como símbolo

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Embora no sufismo o vale seja o equivalente a uma via espiritual, a uma passagem (os Sete Vales de Atar), o vale surge como um símbolo familiar, sobretudo aos autores taoistas.

Primeiramente, o vale é vazio e aberto em cima, portanto receptivo às influências celestes (Tao, 15); o vale é uma cavidade, um canal, para o qual necessariamente convergem as águas vindas das alturas que o cercam.

Para tornar-se um ponto de convergência, o Vale do Império, o soberano, o sábio deve colocar-se em um nível inferior, de humildade e de não ação. O kouchen do capítulo 6 (o espírito do vale) abre espaço para interpretações inesgotáveis: é o Espírito no Vale Celeste, a "força expansiva transcendente no espaço mediano, no entre Céu e Terra".

São as vibrações primordiais na caverna do coração, onde a vacuidade estabeleceu-se; é a descida do espírito no campo de Cinábrio inferior, visando à geração, segundo o processo da alquimia interna, do Embrião da Imortalidade (Yang Chang).

Também pode ser, de acordo com as receitas esotéricas de longevidade, o espírito vital que tem de ser tirado do vale profundo de uma parceira feminina (Lie-sien tchuae). Em todo o caso, a mesma ideia de cavidade, de receptáculo, de vacuidade, pode ser encontrada em cada interpretação.

O Vale profundo é ainda o passo do qual Yin-hi é guardião e por onde Lao-tse chega ao centro espiritual primordial.

Na China antiga, as extremidades leste e oeste do mundo, de onde nasce e onde se põe o sol nos limites da sua trajetória visível, também são vales. O vale é o complemento simbólico da montanha, como o yin é o do yang.

Richard de Saint-Victor observa que a Arca da Aliança foi revelada a Moisés na montanha, primeiro, e depois, no vale, onde a comunicação excepcional do alto tornou-se habitual e familiar para ele. A elevação contemplativa sucede a descida da Epifania divina.

O vale dos Reis, ao noroeste de Tebas, com suas falésias, suas rochas e seus rios, poderia ser visto como "símbolo de uma harmonia universal que vibra e que não muda".

O vale, cheio de túmulos e cuidadosamente guardado, bem representava a via real para a imortalidade.

Também é por um vale que passa o caminho de Jeová: No deserto, abri um caminho para Jeová; na estepe, aplainai uma vereda para o nosso Deus. Que todo vale seja coberto, todo monte e toda colina sejam nivelados; transformem-se os lugares escarpados em planície, e as elevações em largos vales. Então a glória de Jeová há de revelar-se e a terra inteira, de uma só vez, o verá. (Isaías, 40, 3-5)

O vale é e simboliza o lugar das transformações fecundantes, onde a terra e a água do céu se unem para dar ricas colheitas; onde a alma humana e a graça de Deus se unem para dar as revelações e os êxtases místicos.

A esposa do Cântico exclama: "Sou o narciso de Sarão, / o lírio dos vales." (2, 1) Mas que tome cuidado aquele ou aquela que se vangloria do seu Vale, esquecendo-se de que deve as suas riquezas a Deus (Jeremias, 49, 4). Este inconsequente seria como uma terra presunçosa que não quisesse mais a água. Todo o simbolismo do vale reside nessa união fecunda das forças contrárias, na síntese dos opostos no centro de uma personalidade integrada.

Vale, o símbolo da origem da sociedade moderna e da agricultura

A economia dos povos mesopotâmicos e do Egito era sustentada pela produção agrícola obtida nos vales às margens dos rios Tigre, Eufrates e Nilo. No entanto, a irregularidade do sistema de cheias desses rios exigiam um esforço maior para que a exploração agrícola fosse viabilizada. Dessa forma, a tecnologia agrícola desses povos exigia a elaboração de um sofisticado sistema de irrigação e drenagem controlada pela construção de diversos diques e barragens.

Outro símbolo da evolução humana , o Etado é que foi o responsável direto pela condução de obras públicas desenvolvidas com o objetivo primordial de ampliar as atividades agrícolas nesses vales antigos. Ao contrário dos egípcios, os mesopotâmicos não abdicavam da propriedade das terras em benefício do Estado. Todavia, os trabalhadores agrícolas eram obrigados a ceder parte de sua produção.

Geralmente, os vales férteis eram utilizados na plantação de trigo, cevada, centeio e para a criação de animais domesticados. Com desenvolvimento das atividades agro-pastoris, os povos mesopotâmicos foram capazes de acumular excedentes responsáveis pela articulação das primeiras atividades comerciais. A facilidade de deslocamento no território mesopotâmico e a carência de produtos em certas regiões também contribuíram enormemente para a consolidação de uma classe de mercadores.

Diversas caravanas eram formadas com o intuito de buscar matérias-primas como pedras preciosas, marfim, cobre e estanho. Ao longo de sua história, a Mesopotâmia se transformou em um dos maiores centros comerciais do Oriente, atraindo o interesse de comerciantes da Ásia Menor e da região do Cáucaso. Com um padrão monetário pouco desenvolvido, a grande maioria das negociações era feita a partir da troca de barras de ouro e prata.

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Acima: Apple Park (edifício sede da Apple) é um dos símbolos do Vale do Silício nos EUA

O vale do século XXI

O Vale do Silício (em inglês: Silicon Valley), na Califórnia (EUA), é um apelido da região da baía de São Francisco onde estão situadas várias empresas de alta tecnologia, destacando-se na produção de circuitos eletrônicos, na eletrônica, telecomunicação e tecnologia de informação.

A palavra "silício" vem das empresas de pesquisa, desenvolvimento e fabricação de circuitos integrados de silício, como a Intel, porém hoje a região é sede para várias empresas de alta tecnologia, muitas incluídas no na Lista 500 da Fortune, além de empresas Startup.

Santa Rita do Sapucaí (MG) o símbolo do Vale do Silício brasileiro

A cidade de Santa Rita, em Minas Gerais, no vale do rio Sapucaí é um símbolo da insdústria eletrônica de ponta no Brasil. A região começou a se destacar a partir de 1959, por meio da inauguração do primeiro instituto de ensino técnico em eletrônica do Brasil e de toda a América Latina, Dessa forma, entrando para o Vale do Silício Brasileiro.

De acordo com as empresas da região, no ano de 2017, por exemplo, houve um faturamento de mais de R$ 3 bilhões. No caso, em produção e exportação de produtos eletrônicos, incluído as primeiras tornozeleiras eletrônicas com rastreador, que são usadas pelo poder judiciário do país, além de serem exportadas para diversos países, incluindo os Estados Unidos.

 

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Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.


Página atualizada na Agência EVEF em 05/04/2022 por Everton Ferretti